Atividades físicas no tratamento do TDAH.
A famosa citação latina “Mens sana in corpore sano” é sempre lembrada quando falamos de atividades físicas. Desde sempre se fala em manter o corpo em movimento para garantir uma vida saudável em todos os aspectos. Não por acaso, em tempos de excesso de sedentarismo, as academias proliferam em todas as esquinas para compensar a falta de atividade na rotina diária. Em uma delas, o jovem Fred se exercita todos os dias antes de ir trabalhar. Ou seja, começa bem a sua jornada.
Para os portadores de TDAH como Fred, os exercícios se revelam uma verdadeira terapia, contribuindo para a qualidade de vida com efeitos positivos para o corpo e a mente. Além de proporcionar bem-estar e relaxamento, a atividade física faz com que o corpo libere endorfina, substância natural produzida pelo cérebro durante e após a sua realização. Ele já percebeu que o rendimento no trabalho aumenta muito, com mais foco e atenção nas atividades. Vejamos porque isso acontece.
A liberação de endorfina – também conhecida como hormônio da alegria – ajuda a relaxar, reduz o estresse, a ansiedade e melhora o humor. Em crianças e jovens é importante na aquisição de habilidades psicomotoras e auxilia o desenvolvimento intelectual, com impactos em um melhor desempenho escolar e melhor convívio social. A prática regular de exercícios pode funcionar ainda como uma via de escape para a energia “extra normal” das crianças, ou seja, sua hiperatividade.¹
Existem poucas pesquisas sobre o impacto das atividades físicas no tratamento do TDAH. Mas alguns registros da literatura científica comprovam que o rendimento escolar das crianças melhora quando elas praticam exercícios. Pesquisa realizada pela Universidade do Estado de Michigan e Universidade de Vermont e divulgada em 2014 pelo Journal of Abnormal Child Psychology comprovou o resultado positivo das atividades físicas para as crianças, portadoras ou não de TDAH.
Essa pesquisa² envolveu aproximadamente 200 crianças, dividas em dois grupos: as que se exercitaram com atividades aeróbicas e as que não realizaram os exercícios. Metade das crianças apresentava fortes sinais de que poderiam ter TDAH, considerando as características identificadas pela ciência.
O objetivo era avaliar o impacto da atividade física sobre sintomas, comportamento, mau humor e funcionamento das crianças. As crianças que praticaram ginástica 30 minutos antes das aulas apresentaram uma diminuição considerável nos sintomas de TDAH.
Os pesquisadores também constataram uma expressiva melhora no convívio familiar e social. Mas os do grupo de sedentários não apresentaram melhoras em nenhum sentido.
Outro estudo³ mais focado na atividade física em apoio às terapias cognitivas comportamentais (TCC), responde a uma dúvida comum sobre qual atividade física é melhor para quem tem TDAH. Com citações de autores consagrados, o estudo tinha como objetivo avaliar as “Contribuições da atividade física para o tratamento psicológico dos portadores de TDAH em crianças”.
Considerando o quadro de prejuízos diretos e indiretos do distúrbio, esse artigo científico afirma que o exercício físico pode ser utilizado como ferramenta auxiliar no tratamento. Entretanto, ressalta que, para a melhor otimização dos benefícios da prática esportiva, é muito importante ter cuidado com a escolha da atividade física. A modalidade esportiva que trará maiores benefícios para a criança, tanto física, como psicologicamente é aquela com a qual ela mais se identificar e mais gostar. Isso porque a criança terá maior chance de manter uma atividade que gera mais prazer.
Além disso, ao destacar o protagonismo da criança na escolha, seu orientador estará contribuindo para o desenvolvimento da motivação, da auto-eficácia e da auto-estima. Escolhida a prática esportiva, os pesquisadores entenderam como importante descrever e correlacionar as contribuições do esporte para a aquisição das habilidades psicológicas que podem ser desenvolvidas em paralelo com o tratamento psicoterápico do TDAH nas TCCs. Isso porque o esporte traz como benefícios a melhora:
- da autoestima;
- da orientação e planejamento de metas;
- do comportamento pró-social;
- da lealdade;
- da resolução de conflito; e
- da auto-eficácia.
- Simulações de condições de jogos nos treinamentos, com direcionamento técnico-tático prévio para assimilação do conteúdo a ser executado na tarefa posteriormente.
- Uso de palavras-chave com a finalidade de manter o foco atencional durante o desempenho esportivo.
- Estabelecimento de rotinas de comportamento para auxílio na automatização dos comportamentos.
- Desenvolvimento de um plano mental de pré-treinamento, durante e pós-treinamento, além do plano de competição.
Referências:
1. BOA-SAUDE. Importância da atividade física. Disponível em: http://www.boasaude.com.br/artigos--de-saude/4772/-1/importancia-da-atividade-fisica.html>. Acesso em: 13 Abr. 2018.
2. NEUROSABER. As atividades físicas melhoram o TDAH. Disponível em: <https://neurosaber.com.br/as-atividades-fisicas-melhoram-o-tdah/> Acesso em: 13 Abr. 2018.
3. RESEARCH-GATE. Contribuições da atividade física para o tratamento psicológico do TDAH em crianças. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/280570212_Contribui-coes_da_Atividade_Fisica_para_o_Tratamento_Psicologico_do_TDAH_em_Criancas> Acesso em: 13 Abr. 2018.
Julho/2020 C-ANPROM/BR//1996