Vovôs desatentos: os sintomas do TDAH no idoso.
Estudos abordam comorbidades e consequências do TDAH no idoso
Para completar a complexidade das questões que envolvem o TDAH, outros estudos também avaliaram a questão das comorbidades com outras doenças psiquiátricas e o uso de drogas, álcool e nicotina. Um dos estudos apontou que o quadro do TDAH pode persistir na vida adulta, embora passe a apresentar características diferentes das relatadas na infância. Com o objetivo de “Verificar a possibilidade de rastreio do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em idosos”, o estudo utilizou critérios baseados nos aspectos nucleares do transtorno que seriam cognitivos e emocionais: ativação e organização no trabalho, sustentação da atenção, manutenção da energia e do esforço, labilidade do humor, hipersensibilidade à crítica e dificuldades de memória. Os autores citam que o quadro de TDAH costuma amplificar-se devido às altas taxas de comorbidades com outras doenças psiquiátricas associadas, considerando que 77% dos adultos com TDAH apresentam outro transtorno psiquiátrico concomitante. Dentre as comorbidades mais freqüentes estão a depressão maior, transtornos de ansiedade, transtorno de humor bipolar, transtorno de personalidade, alterações de conduta e transtorno do abuso de substâncias. Vários estudos têm demonstrado uma alta taxa de comorbidade entre TDAH e abuso ou dependência de drogas na idade adulta variando de 9 a 40%. A pesquisa demonstrou ainda que existe a possibilidade de rastreio do TDAH em idosos a partir da investigação dos seus descendentes e do seu próprio histórico de consumo de álcool e tabagismo.5Um tema que requer novas pesquisas
No estudo “TDAH em adultos: fator de risco para demência ou mímica fenotípica?”, os autores ressaltam que o TDAH em adultos compartilha muitas características sobrepostas com o comprometimento cognitivo leve, incluindo déficits cognitivos, particularmente na memória e no funcionamento executivo e comorbidades psiquiátricas, como ansiedade, depressão e distúrbios do sono. Esse fato levou à especulação de que o TDAH pode ser uma forma incipiente de demência, através de mecanismos patológicos compartilhados ou de um mediador não relacionado. Embora exista um pequeno número de achados intrigantes que sustentam uma conexão fisiopatológica entre TDAH e demência, a maior parte das evidências sugere que o TDAH é um processo de desenvolvimento neurológico fundamentalmente não relacionado ao Comprometimento Cognitivo Leve (CCL), e que qualquer vínculo mecanicista entre os distúrbios é atribuível a mediadores comprometedores da saúde comuns na população com TDAH. Os pesquisadores apontam ainda que os critérios para diagnosticar transtornos neurocognitivos em adultos com TDAH precisarão ser validados ou revisados para se basearem mais nos resultados funcionais. Alternativamente, pesquisas futuras devem explorar o desenvolvimento de novas ferramentas de avaliação para capturar com mais precisão as mudanças cognitivas que podem refletir uma condição neurodegenerativa nesses indivíduos. Com esse e outros questionamentos a recomendação final da pesquisa sugere que a comunidade médica deveria considerar a formulação de critérios para os atuais sintomas de TDAH específicos para adultos e idosos. Com o crescente reconhecimento de que os sintomas de TDAH persistem na idade adulta e na velhice, considerando ainda que a crescente população geriátrica incluirá indivíduos com TDAH, outros autores pediram abordagens apropriadas para o diagnóstico de TDAH tardio. Os pesquisadores concluem que apenas novos estudos podem efetivamente determinar se o TDAH está associado ao aumento do risco de declínio cognitivo. Somente a pesquisa continuada nesta área indicará a necessidade e a formulação de critérios diagnósticos para comprometimento cognitivo leve e demência adaptados para idosos com TDAH, bem como para TDAH em adultos e idosos.6Referências:
1. GAZETA-DO-POVO. Não consegue se concentrar? TDAH também atinge adultos e idosos . Disponível em: <https://www.gazetadopovo.com.br/viver-bem/saude-e-bem-estar/mais-idade/nao-consegue-se-concentrar-tdah-tambem-atinge-adultos-e-idosos/>. Acesso em: 04 Ago. 2018.
2. LINKEDIN. Is it Dementia or Adult ADHD?. Disponível em: <https://www.linkedin.com/pulse/dementia-adult-adhd-evan-h-farr/> Acesso em: 04 Ago. 2018.
3. SAUDE-ABRIL. Inquietos tardios: TDAH não tem idade para começar. Disponível em: <https://sau-de.abril.com.br/mente-saudavel/tdah-nao-tem-idade-para-comecar/> Acesso em: 04 Ago. 2018.
4. JAMA-NETWORK. Can Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder Onset Occur in Adulthood?. Disponível em: <https://jamanetwork.com/journals/jamapsychiatry/article-abstract/2522743?re-sultClick=1>. Acesso em: 04 Ago. 2018.
5. ARQUIVOS-CATARINENSES-DE-MEDICINA. Avaliação do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)em idosos: estudo caso-controle. Disponível em: <http://www.acm.org.br/revista/pdf/artigos/788.pdf> Acesso em: 04 Ago. 2018.
6. NATIONAL-CENTER-FOR-BIOTECHNOLOGY-INFORMATION. Adult ADHD: Risk Factor for Dementia or Phenotypic Mimic?. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5540971/> Acesso em: 04 Ago. 2018.
Julho/2020 C-ANPROM/BR//1996